04 junho 2010

O outro lado de um Ironman

Em 31 de maio de 2009 eu estava fazendo a minha estréia como atleta no Ironman Brasil, em Florianópolis. Após seis meses de treinos, vários IM 70.3 e um Ironman “teste” na preparação, o dia da prova foi maravilhoso e eu acabei conquistando um dos melhores resultados da minha carreira: a 5ª colocação na Elite Feminina e a melhor classificação entre todas as atletas brasileiras, com o tempo de 9:52’29”.

O ano de 2009 continuou com muitos treinos e competições, todos já voltados para o IM Brasil 2010, onde eu pretendia melhorar minha marca de 2009 e brigar por uma vaga para o Mundial do Hawaii. Infelizmente, no mês de dezembro, sofri um acidente durante um treino que mudou completamente os meus planos para esta temporada: após uma queda em um treino de ciclismo, fui atropelada por um carro e acabei fraturando costelas, coluna e bacia em vários lugares.

A recuperação tem sido excelente e, hoje, já treino natação normalmente, pedalo no rolo e corro na água, além de fazer trabalhos intensivos de fisioterapia e musculação. Não tive seqüelas do acidente e, por isso, já tracei meus objetivos a curto e médio prazos:
- voltar a correr no mês de agosto;
- voltar a competir no final do segundo semestre de 2010; e
- chegar 100% ao Ironman Brasil 2011.

Enquanto isso, tenho tido (e aproveitado) a oportunidade para trabalhar em outras áreas do triathlon. Primeiro, pude ajudar meus amigos que fariam a prova de 2010 com dicas em treinamentos e uma palestra sobre a superação de desafios, ao final de sua preparação para o Ironman. Depois, recebi o convite para transmitir o Ironman Brasil em tempo real, via Twitter, para o site MundoTri, em seu recém-criado canal de comunicação @mundotrilive. Já mais perto da prova, um novo convite – desta vez vindo da Latin Sports, empresa organizadora do Ironman: comentar a prova do Brasil ao vivo, junto aos locutores oficiais do evento.

Fiquei muito feliz com todos esses convites, e me dediquei ao máximo para cumprir com cada um deles. A palestra foi excelente, com a participação de todos os 24 atletas da Equipe RM que participaram do Ironman Brasil 2010 e mais alguns convidados. A transmissão da prova via Twitter, inédita, também foi muito elogiada pelas 221 atualizações ao longo do dia, muitas vezes com fotos dos atletas, e teve 209 seguidores fixos e outras várias visitas isoladas durante todo o evento.
Mas o que mais me deixou feliz – e realizada – foi a narração da prova. Originalmente, a idéia era que eu ficasse na área de chegada dos atletas, ajudando os locutores principais com informações técnicas e pessoais sobre os competidores. No entanto, na reunião com os locutores, no sábado à tarde, me ofereci para ajudá-los em todos os principais pontos da prova – largada, retorno e chegada da natação, retorno do ciclismo, saída da corrida e chegada – idéia que foi bem recebida por todos.

Os comentários começaram tímidos, como em qualquer estréia. Mas ao longo do dia foram crescendo, ganhando importância, e o “bate-papo” com os locutores começou a fluir, dando um tom diferente à narração do evento. Por ser do meio (e por gostar de conhecer e acompanhar outros atletas, claro), eu conhecia ao menos 300 atletas da prova, e tinha pequenas histórias ou curiosidades sobre cada um para acrescentar aos nomes e números chamados no microfone oficial. Por várias vezes, atletas me cumprimentaram ou até pararam para me abraçar durante a prova, e a torcida pela minha recuperação parecia ser tão grande quanto a torcida que eu fazia por cada uma daquelas pessoas que largaram em busca de seus objetivos neste Ironman Brasil.

Fiquei envolvida pelo clima do Ironman durante toda a semana, sendo que no dia da prova fiquei em completa “imersão” das 5:45 às 21:30, quando já não tinha mais voz para comentar ou narrar as chegadas, infelizmente. Mas saí dali com a sensação de dever cumprido!

Pois sei que vários atletas amadores escutaram seus nomes nos retornos, ou na chegada, e se sentiram prestigiados e motivados a seguir em frente com ainda mais força. Sei que o público se divertiu e conheceu um pouco mais desses incríveis atletas que são capazes de concluir um Ironman, muitas vezes conciliando os treinos com família, trabalho, viagens. Que ajudei dois atletas a fecharem a prova abaixo de 11h (e outros abaixo de 12, 13 ou 14h), pois fiz questão de fazer contagens regressivas e ajudá-los a dar aquele último “gás”, conseguindo mais uma marca para se orgulhar. Que prestigiei os atletas profissionais, divulgando suas histórias e passando, com palavras, um pouco da nossa pesada rotina de treinos e competições para aqueles que não convivem diretamente conosco. Que cumpri o meu papel de ajudar os locutores oficiais e a organização da prova, passando as informações que eles esperavam que eu tivesse e várias outras, mais. Mas sei, principalmente, que passei pela experiência de participar de um Ironman sem competir nele, e que esta experiência vai me motivar, ainda mais, nos próximos 360 dias de preparação e no esperado dia 29 de maio de 2011, quando espero estar de volta ao outro lado do Ironman.

Obrigada a todos que participaram desta maravilhosa experiência:
- Rosana Merino e Equipe RM (palestra e prova);
- Wagner Araújo (MundoTri e atleta Ironman);
- Thiago Vinhal, Vanessa Gianinni, Thaty Porto e Lisandra Andrade (minhas fontes de informação, diretamente do percurso);
- locutores, organizadores, cerimoniais e patrocinadores do Ironman Brasil, que estiveram e trabalharam comigo nas áreas de apoio à competição.

E muito obrigada ao Carlos Galvão, diretor da Latin Sports, pela maravilhosa oportunidade.
Nos vemos em Penha?

2 comentários:

Talita Saab disse...

Borbinha!!!!

parabéns pelo primeira postagem!!!

vc é uma exemplo pra todos nós e me sinto honrada de ter como amiga!!
Obrigada por todas a dicas, companherismo e risadas!!!

até o Iron 2011
bjão
Ta Saab

Carla Guerra disse...

Eu escutei você dizendo meu nome quando cheguei, até minha mãe ficou emocionada com suas palavras para mim, muito obrigada !!! Desejo que você esteja mais que 100% para o IM 2011. Bjs Carla Guerra