04 novembro 2010

GPi de Triathlon

Um mês e meio atrás eu escrevi aqui no blog sobre o meu retorno às provas de triathlon em dois revezamentos, no Troféu Brasil e no Thunder Race. E comentei que, na época, eu já me sentia pronta pra fazer mais do que a natação de um triathlon, mas que me faltavam liberação médica e consentimento da família.


Então em outubro eu voltei ao consultório do meu ortopedista, Dr. Dan Oizerovici. Nada de grandes novidades nos exames, mas ele me liberou para correr mais do que os 10-12 minutos que eu vinha fazendo em esteira. Ainda me pediu para evitar o asfalto e para observar todas as reações do meu corpo – e, pra variar, ir com calma. E eu já fiquei um pouco mais feliz com a possibilidade de correr um pouquinho mais e, principalmente, de começar a aparecer nos treinos coletivos na pista de tartan do CT de Campinas.


Achei que era hora de programar um teste de transição e vi no GPi de Triathlon a melhor oportunidade possível, por vários motivos:
- a prova é um sprint triathlon, mesmo para a Elite;
- a largada da Elite é individual, no formato de contra-relógio, e não há grupos na natação;
- o vácuo é proibido no ciclismo, minimizando os riscos;
- o ciclismo tem como principal característica a subida da Estrada da Rainha – definitivamente, um bom teste pra qualquer coisa;
- a corrida é 100% plana;
- a organização é dos meus amigos da SB5 Eventos e da TRIAL (associação da Federação de Triatlo de Santa Catarina à qual estou vinculada), o que é garantia de uma excelente prova.


Fui para Florianópolis na semana anterior ao GPi, quando acompanhei meus amigos do RM Elite Team no Campeonato Brasileiro de Triathlon e cobri a prova para o @mundotrilive. Passei uma semana excelente por lá e, nos treinos, tive companhia da Flávia Fernandes (ECP), Thaty Porto (RM), Vanuza Maciel e Lis Andrade (MEGA). Na quinta, fui com a Flavinha e a Thaty para Balneário Camboriú, onde fizemos o reconhecimento de percurso com a Ale Rocio (TRIAL) e o Fred Monteiro, e conhecemos a famosa “Rainha”.


A subida é mesmo dura: de um lado, tem pouco menos de 250m de extensão; do outro, pouco mais de 300m. Mas sua inclinação chega aos 19%, e mesmo usando uma relação 39/25 na bike de estrada chegamos ao topo da subida “apitando”. Pra piorar, fazemos sempre uma perna lenta antes de começar a subir, impedindo que cheguemos embalados. E tudo isso duas vezes! Percurso show, como em nenhuma outra prova curta no país.


Pra dizer a verdade, o que me deixou mais preocupada no reconhecimento de percurso foi a natação. O mar estava virado e a temperatura estava bem acima dos 20º, o que impediria o uso de roupa de borracha para a Elite. O jeito era torcer para que o tempo mudasse...


Na véspera da competição voltei para Balneário a tempo de participar do Pro Experience, workshop com os atletas profissionais Fred Monteiro e Fábio Carvalho. De manhã, eles deram algumas dicas sobre a natação na praia onde seria realizada a prova, e fizemos um treininho coletivo. À tarde, continuação do curso para atletas amadores e estudantes de Educação Física, com dicas sobre triathlon e sobre o percurso da prova. Depois, feirinha de produtos de triathlon muito bem montada, congresso técnico e um jantar de massas maravilhoso, tudo no hotel oficial do evento. Depois do jantar ainda teve joguinho de Uno no quarto do hotel, contando com metade das atletas da prova feminina (eu, Flávia, Carol e Thaty), Lis e a ilustre presença de uma fã que foi pra BC especialmente para assistir à minha prova – minha mãe! :)


Aliás, um detalhe muito interessante desta prova foi o perfil dos telefonemas e da torcida. Normalmente, alguns ligam ou mandam mensagens pra desejar: “boa prova, força, vai com tudo”. A Coach, se não está presente, liga pra checar se está tudo bem, definir estratégia, desejar um bom trabalho. E na torcida, todo mundo fica passando parciais, gritando pra ir mais rápido, fazer mais força, pra ter garra. Certo..?


Não desta vez. No sábado, os telefonemas pediam juízo, cuidado, paciência, tudo... Menos “partir pra cima”! No domingo, a torcida gritava “bem vinda de volta, está super bem, bom te ver competindo de novo...” Diferente. BEM DIFERENTE!


Com tantas recomendações, nem fiquei nervosa com a largada. Estava ocupada demais pensando: “larga forte, pula onda, nada forte, pega jacaré, transição rápida, pedala rasgando, cuidado nas descidas, transição rápida... SEGURA na corrida”. Não era a sequência de coisas que tomava minha atenção; era a parte de correr segurando o ritmo. “Que ritmo?!? Correr pra 4’20” é segurar pra um sprint? Não, se eu fizer menos de 4’30” minha mãe me mata! Combinei 4’40” com a Rô. Mas e se...???” Como diriam na minha terra: afffe!!! Não sei se isso é concentração ou desconcentração, mas sei que não deu nem tempo de ficar ansiosa pela largada.




A Elite Masculina largou a partir das 10h, com intervalo de 30 segundos entre os atletas. Dez minutos depois do último homem começou a prova da Elite Feminina, sendo a Mariana Andrade a primeira a largar. Depois vieram Sandra Soldan, Flávia Fernandes, Mariana Martins, Thaty Porto... e eu. Depois de mim ainda vieram a Ale Carvalho e a Carol Furriela, mas eu já tinha entrado na fase do “...pula onda, nada forte...” e não sabia de mais nada que estava acontecendo.


Nadei até bem, considerando que eu nem enxergava as bóias de tão alto que estava o mar. Mesmo assim, nos últimos 100m, quando eu já nadava olhando pra trás e esperando uma onda pra pegar aquele jacaré, vi um par de braços rodando igual a um ventilador: a Carol nadou MUITO, e conseguiu me alcançar ali no finalzinho.


Metade da prova saiu pra pedalar em um intervalo de menos de 40 segundos: Thaty, Carol, Mariana Martins e eu. Mesmo mantendo a distância e alternando posições algumas vezes, a referência acabou ajudando a nivelar o ritmo, e as três RMs pedalaram praticamente no mesmo tempo. Com o abandono da Marianinha, a equipe ainda saiu embolada pra corrida.




E aí começou a parte mais difícil: controlar o ritmo. Com a referência da Carol Furriela correndo na frente, só olhando pra baixo pra segurar! Foi o que fiz. Olhei pra baixo, pro lado, pra torcida. Conversei com o Fabinho e com o Alessandro, que estavam entregando água; com as famílias Amorelli e Sant’Ana, que estavam na torcida; com o Henrique Siqueira e o Diogo Sclebin, que já tinham terminado a prova. Só não achei minha mãe pra tirar uma foto minha!


E o ritmo foi encaixando: aquela corrida confortável, agradável, que aparece na propaganda da ASICS (“correr purifica o corpo e a mente – e os pés nem sentem”). Parei de pensar em relógio, em ritmo, em impacto... E consegui, finalmente, curtir a prova.


Passei o restante da corrida curtindo os meus amigos do triathlon, a torcida, a vista do mar... O simples fato de estar ali, correndo. Parei alguns metros antes do pórtico, pra agradecer todo mundo e saborear a chegada. Vibrei com a prova e, mais ainda, com um pódio totalmente inesperado! Este 5º lugar valeu muito mais que isso...




Obrigada mais uma vez a todos os que participaram dos 11 meses de luta até aqui: a toda a Equipe RM e Coach Rosana Merino, aos meus patrocinadores e apoiadores (ASICS, Aqua Sphere, Accelerade, Clínica 449, Cia Athlética e Vélotech), médicos (Drs Dan Oizerovici, Gustavo Janot e Eduardo Meyer), enfermeiros, fisioterapeutas e, especialmente, à minha família. Ainda falta bastante pra chegar onde queremos, mas, com este time e toda a torcida, não tem como não dar certo.






PS: Pra quem ficou imaginando o ritmo da minha corrida: 4'40", cravado, conforme combinado! (rs)

29 outubro 2010

Mais um artigo publicado...

A segunda edição da revista eletrônica MundoTRI Magazine já está disponível para download. Este mês o periódico traz uma seção especial sobre o Mundial de Ironman em Kailua-Kona com matérias, entrevistas, fotos, números e curiosidades sobre a prova.
 
Na coluna Opinião, volto a debater com o triatleta Ciro Violin sobre um tema polêmico: desta vez, o assunto é a diferença entre atletas Amadores, de Elite e Profissionais. Não deixem de conferir a revista (e o artigo!) e deixem seus comentários.

28 outubro 2010

Retul Bike Fit

O Retul é o sistema de bike fitting mais avançado que existe atualmente. Ele incorpora uma tecnologia extremamente precisa de captura tridimensional de movimento, capacidade de gerar relatórios imediatamente e uma ferramenta de digitalização com precisão milimétrica.

Parte do princípio que a tomada de medidas para o bike fit tem melhor resultado quando feita de forma dinâmica, durante o ato de pedalar. Isso porque as medidas feitas estaticamente não mostram ao responsável pelo fit como o corpo do ciclista responde às modificações feitas em movimento, ou seja: em um bike fit tradicional, não é possível ver se o ciclista compensa os ajustes de alguma forma, seja pedalando na ponta dos pés ou movimentando o quadril em torno do selim.

O procedimento começa com uma anamnese e avaliação da flexibilidade e das medidas antropométricas do ciclista/triatleta. Depois dos dados coletados, marcadores LED são estrategicamente posicionados em oito pontos anatômicos do atleta: punho, cotovelo, ombro, quadril, joelho, tornozelo, calcanhar e dedos do pé.

O sistema, então, faz uma leitura tridimensional do corpo em movimento. A partir desses dados, ele gera instantaneamente um avatar (um boneco de palitos, na verdade) do ciclista, permitindo que o avaliador veja e meça deslocamentos laterais, verticais e horizontais. Além disso, com o uso do Computrainer (rolo com as funções de ajuste de potência e análise da pedalada) durante a avaliação, é possível que o bike fit seja testado em diferentes intensidades e, principalmente, na intensidade de competição do ciclista/triatleta, e o fit pode ser definido de acordo com a melhor eficiência gerada.


Depois de finalizado o bike fit, o avaliador utiliza uma ferramenta chamada Zin, um digitalizador portátil da Retul, para literalmente “desenhar” a bike ajustada. O sistema gera um formulário com todas as medidas finais do bike fit incluindo, além de altura do selim e da frente, os cálculos de stack, reach e ângulos efetivos. Assim, o avaliador e o ciclista ficam com o registro preciso do bike fit realizado, podendo conferir as medidas em caso de revisões ou viagens e tendo parâmetros para reavaliações posteriores.

No Brasil, o Retul Bike Fit é feito por apenas dois profissionais: o Marcelo Rocha (Brasília) e o Felipe Campanhola, que atende na Vélotech (Campinas) e no Studio Officina (São Paulo). Felizmente o Pipo é meu apoiador, através da Vélotech, então tive a oportunidade de testar em primeira mão o sistema com a minha bike de estrada, no último dia 17. Ontem, fomos para São Paulo e fizemos o novo bike fit da minha máquina de contra-relógio, aproveitando também para gravar partes de um vídeo de divulgação para o Studio Officina.

Fiquei bastante satisfeita com o resultado, pois conseguimos subir bastante o banco da bicicleta, obtendo uma posição mais aerodinâmica. Além disso, avançamos um pouco o selim, pois o meu quadro pequeno e a geometria de bike de contra-relógio de ciclismo (que tem que obedecer às regras da UCI) tendem a fazer com que eu fique com um ângulo efetivo do top tube bastante pequeno – mesmo após os ajustes, ficou em apenas 75º. Agora vou passar por um período de adaptação, coincidente com o período de base para a próxima temporada, e daqui a alguns meses devemos tentar um novo ajuste: subir e avançar mais alguns milímetros o selim e abaixar um pouco a frente da bike, buscando uma posição ainda mais aerodinâmica, porém confortável o suficiente para um Ironman.




Gostaria de parabenizar o Pipo pela aquisição do sistema Retul e de agradecer a disponibilização do melhor bike fit do mundo para os atletas apoiados pela Vélotech.

No próximo bike fit ou na próxima troca de bicicletas, não deixem de conferir o Retul – Dynamic Bike Fit: é a escolha das melhores equipes de ciclismo e dos melhores triatletas do mundo, e agora está disponível bem perto de nós!

02 outubro 2010

Nova revista de triathlon: MundoTRI Magazine

Esta semana o site MundoTRI lançou sua nova revista eletrônica, a MundoTRI Magazine. Estive presente no evento de lançamento oficial, que aconteceu em São Paulo na noite de quinta-feira (30), onde estavam também alguns outros atletas, anunciantes da revista e representantes da imprensa esportiva.
 
Nesta primeira edição há uma matéria (e entrevista) sobre o meu retorno às provas de triathlon, já relatado aqui no blog, e também um artigo de opinião de minha autoria sobre o vácuo no triathlon. A revista tem download gratuito e pode ser encontrada no link a seguir: MundoTRI Magazine.

A revista eletrônica é uma aposta do editor Wagner Araújo nas novas tecnologias, e poderá ser acessada a partir de smartphones, tablets e computadores. Aliás, recentemente a revista Tri Sport, de Rodrigo Eichler, seguiu o mesmo caminho e lançou o portal 3zone. Nele, podem ser vistos vídeos, fotos e matérias sobre provas de triathlon, em complemento ao conteúdo da revista impressa.
 
Enquanto atleta e amante do esporte, fico feliz com o surgimento de mais duas fontes de informações sobre provas e artigos técnicos. Desejo ao site MundoTRI, à MundoTRI Magazine, à Tri Sport e ao 3zone muito sucesso e longa vida, e deixo os parabéns aos corajosos fundadores e editores dessas mídias.

26 setembro 2010

Mais um reveza: Thunder Race

Ontem participei de mais um revezamento na busca pelo tão esperado “ritmo de prova”: nadei para a equipe mista Mega Dream – que teve também Lisandra Andrade, no ciclismo, e Paulo Xavier, na corrida – no Thunder Race, em Caiobá.


A prova, realizada pela Cia de Eventos pela primeira vez, teve as distâncias de 3km de natação, 152km de ciclismo e 28km de corrida, e contou com cerca de 70 participantes, entre eles 21 revezamentos. Apesar da pequena quantidade de atletas, a organização foi impecável e as distâncias são muito chamativas para os amantes de provas longas, o que me leva a acreditar muito no potencial da prova.
Depois de uma semana de muito frio e chuva no sul do país, o dia da prova teve tempo nublado, mas seco. O mar estava calmo na superfície, mas revolto abaixo do nível da água: a tradicional corrente da Praia Mansa de Caiobá mais uma vez apareceu, fazendo com que tática e orientação se tornassem mais importantes que força na etapa de natação.
 
Mais uma vez nadei bem, e ainda larguei melhor do que em Santos. Fui de novo a segunda mulher a sair da água, mas desta vez a primeira foi a triatleta profissional Vanessa Cabrini, que há anos se destaca pela natação, então fiquei feliz com o resultado!
 
Depois de mim, a Lis fez um pedal bem consistente e passou o chip para o Paulo cinco minutos antes do previsto. Ele também correu bem, e nós fechamos o dia na 4ª colocação entre as equipes mistas. Pódio inesperado! :)

 
Obrigada a todos que participaram de mais este desafio: meus patrocinadores e apoiadores (Asics, Aqua Sphere, Accelerade, Clínica 449, Cia Athlética e Vélotech), à minha técnica Rosana Merino, às minhas amigas (e técnicas da Equipe Mega) Vanuza Maciel e Camila Campanhola – que nos ofereceram a inscrição, a hospedagem e muitos momentos de diversão – e, principalmente, ao meu time, Lis e Paulo, pela excelente companhia e pela super dedicação! Parabéns!

20 setembro 2010

Ufa! Voltei...


Finalmente, depois de 10 meses longe das largadas de provas, voltei ontem ao Troféu Brasil de Triathlon. E percebi que preciso largar mais vezes... E urgente!

Disputei o revezamento em Santos com minhas amigas do RM Elite Team Tuanny Viegas e Thaty Porto, e ganhamos a prova de equipes sem grandes problemas. Na parte sob minha responsabilidade, a natação, terminei em 2º com 12’00” (na entrada da transição), atrás apenas de uma atleta júnior recém saída da natação – então, missão cumprida: nadei bem!

Mas a largada... Ah! A largada...

Eu sempre tive dificuldade com aquela largada de Santos. O mar é raso, a maré está sempre baixa, parece que corremos mais do que nadamos! E eu, que não sou exatamente uma pessoa alta, estou sempre um “estilo” à frente das minhas concorrentes: enquanto elas ainda correm, eu já salto; enquanto elas saltam, eu golfinho; quando elas começam a golfinhar, já estou nadando. E o prejuízo já está acumulado, e eu tenho que buscar a nado.

Ontem não foi diferente – mas acentuado pela falta de ritmo de provas. Quando começamos a saltar as ondas, a Bel Fonseca (minha amiga, colega de treinos da RM e atleta júnior) estava uns cinco metros à minha frente; quando ela começou a nadar, eu já nadava há uns bons segundos e estava uns 50 metros atrás, pelo menos! Que desespero...

Como eu estava ali pra fazer força, mesmo, pus na cabeça que tinha que alcançá-la até a primeira bóia. Escolhi uma linha mais fechada, pois a corrente puxava para a direita, e fui sozinha, enquanto o pelotão feminino ficava à minha direita porque começara em linha reta.

A estratégia deu certo, e passei o grupo sem ser incomodada ou levar pancadas, chegando na primeira bóia lado a lado com a Bel – e por dentro. Fiz o contorno, cutuquei a Bel, que me viu e entrou na minha esteira. Puxei até a segunda bóia, onde achei espaço entre um grupo de atletas masculinos (da largada anterior) e continuei minha linha reta até a praia – já sem a compania da Bel, que ficou presa entre os homens.

A saída da água não foi muito melhor que a entrada, pelos mesmos motivos. Mas foi emocionante! Todo mundo torcendo, batendo palmas... Há quanto tempo eu não via aquilo!


Passei a pulseira pra Tuanny, que logo alcançou a garota que estava à nossa frente, mas competia sozinha... E saí correndo para fazer mais uma transmissão da prova dos profissionais para o twitter do @mundotrilive!

Minhas amigas cumpriram muito bem seus papéis e agora cada uma de nós tem um troféu que nunca imaginou que teria: eu, de nadadora; a Tu, de ciclista; e a Thaty, de corredora! Quem não presenciou o episódio não vai saber nunca o nível da concorrência... :)

Obrigada ao meu time, a toda a Equipe RM e Coach Rosana Merino, aos meus patrocinadores e apoiadores (Asics, Aqua Sphere, Accelerade, Clínica 449, Cia Athlética e Vélotech), médicos, fisioterapeutas e, especialmente, à minha família por terem participado de mais essa conquista na minha busca pelo retorno definitivo às competições.

Espero estar de volta à Elite em breve, mas, por enquanto, vou continuar fazendo largadas e tentando melhorar esse meu ponto fraco. Esta semana tem mais: Thunder Race, em Caiobá. A entrada na água é bem parecida, mas pelo menos o desespero será menor: depois da corrida, são 3000m de natação. Oba!


17 setembro 2010

Troféu Brasil de Triathlon

Para quem se perguntou se eu realmente estaria largando na prova deste domingo, em Santos, a resposta é... SIM!!!

Ainda não estarei competindo sozinha, nem muito menos largando entre as profissionais, no triathlon olímpico – embora a vontade seja tremenda e as pernas, pulmões e coração estejam prontos para isso. Mas ainda faltam alguns “detalhes” da minha recuperação (do tipo: a fratura da bacia terminar de consolidar), então eu vou seguir ordens médicas (e pedidos calorosos da minha família) e me contentar com a emoção da largada.

Participarei de um revezamento com as minhas colegas do RM Elite Team Tuanny Viegas (ciclismo) e Thaty Porto (corrida), sem nenhuma pressão por resultado. Aliás, definitivamente esta não seria a nossa melhor formação de revezamento se o resultado final fosse o foco: originalmente, a minha especialidade é a corrida, e das outras duas a natação. Mas todas competiremos nas disciplinas nas quais temos maior dificuldade – e como diz o velhíssimo ditado: água mole em pedra dura...?

Tenho certeza de que será uma experiência emocionante (o retorno às competições), divertida (o revezamento), valorosa (o tiro de largada e a natação “pra morte”) e, provavelmente, dolorosa (triathlon sprint deixa qualquer um quebrado!). Mas não vejo a hora de alinhar naquela areia de Santos e esperar a buzina de largada...

FÓÓÓÓÓÓÓÓÓMMMM!!!!!!!!!!

Conheçam a minha "nova" bike: Fênix!


Antes da minha volta às competições, resolvi aproveitar para arrumar o equipamento e, principalmente, me dar um super presente: um potenciômetro novo!


O presente acabou ficando por conta do meu pai, que me surpreendeu no meu aniversário, em agosto. Mas como ele só chegou na última quarta-feira, tive tempo para mandar a minha bike de contra-relógio para o Ed Grafix, onde a pintura foi toda reformada e, em alguns pontos, personalizada. Ontem o pessoal da Vélotech conseguiu terminar de montar minha bike e, depois de testar o equipamento em um treininho no velódromo de Americana, voltei ao CTBike para que o Rogerinho conferisse a minha posição sobre a máquina.

Não fizemos nenhuma modificação na posição antes definida, mas como o novo pedivela é 2.5mm menor que o anterior a flexão no joelho ficou ligeiramente mais acentuada, facilitando a manutenção de uma cadência mais elevada. Agora estamos à procura de uma mesa curta (80mm) e inclinada (mais do que os -6º da minha atual) para deixar a posição ainda mais aerodinâmica, aproveitando minha flexibilidade na região toráxica. O problema é que eu uso uma aerobar que exige uma mesa da mesma empresa, com os parafusos de fixação do guidão invertidos. Ou isso, ou uma frente nova. Alguma sugestão..?

15 setembro 2010

Nova parceria: GT Nutrition e Pacific Health

A GT Nutrition é uma empresa baseada em Santos que é importadora e distribuidora exclusiva de quatro dos maiores e melhores laboratórios de suplementos alimentares dos Estados Unidos: Labrada Nutrition, Universal Nutrition, Sport Pharma e Pacific Health Labs.

Este ano, durante o Running Show, em São Paulo, tive a oportunidade de conhecer a equipe responsável por esta grande empresa. Após alguns meses de conversas, entendemos que os produtos da Pacific Health têm um enorme potencial no triathlon de longa distância, e fechamos esta excelente parceria que me permitirá contar com os melhores suplementos para esportes de endurance do mundo: Accelerade, Accel Gel, Endurox R4 e Forze GPS.
 
A Pacific Health tem entre seus embaixadores no mundo o multicampeão do Ironman do Havaí Dave Scott, que costuma dizer que “se você não está usando Accelerade, é melhor torcer para que os seus concorrentes também não estejam”. No Brasil, o time já conta com Marcus Vinícius Fernandes (triatleta especialista em triathlon olímpico) e Poliana Okimoto (maratonista aquática, atual campeã da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas).

O Accelerade é um suplemento em pó (para ser misturado à água) que tem na sua composição uma relação de 1g de proteína para cada 4g de carboidratos, retarda a fadiga muscular e é perfeito para treinos e provas longas – é o suplemento que uso desde 2008, sob recomendação do meu nutricionista Fernando Carvalho, da Clínica 449 – e o que estava em todas as minhas caramanholas nas duas provas de Ironman que fiz.

O Accel Gel também tem a relação 4:1 de carboidratos para proteínas em sua composição, e é perfeito para ser usado em complemento ao Accelerade. Os sabores são excelentes, o que é fundamental quando passamos quase 10h à base apenas de gels, como é o meu caso em Ironmans. Além disso, algumas versões do gel contém cafeína, que ajuda a manter o foco durante esforços prolongados. Particularmente, recomendo os sabores mais cítricos: Key Lime, Raspberry e Morango com Kiwi.
 
O Endurox R4 é um suplemento voltado para a recuperação muscular pós-treino. Também com fórmula patenteada na relação 4:1, tem a medida certa de todos os ingredientes para ajudar na reposição dos estoques de glicogênio dos músculos e na reconstrução muscular, além de contar com vitamina C (antioxidante) na sua composição.

Forze GPS, mais novo membro da família de produtos da Pacific Health, é uma barrinha (ou bebida pronta para o consumo) desenvolvida para ajudar os atletas na manutenção ou redução do peso corporal. Deve ser usado como lanche, entre as refeições principais, pois contém uma mistura equilibrada de proteínas, gorduras saudáveis, cálcio e fibras, para ajudar no controle de apetite. Além disso, a barrinha é deliciosa! Todos os sabores são excelentes, e as três variações com chocolate ainda ajudam a saciar aquela vontade de comer doces que muitas vezes aparece durante períodos de dietas restritivas.
 
Deixo aqui o meu agradecimento às equipes da GT Nutrition e da Pacific Health, que me permitirão contar com os melhores produtos e, principalmente, aqueles nos quais eu confio.
 
Os produtos da Pacific Health (Accelerade, Accel Gel, Endurox R4 e Forze GPS) podem ser encontrados nas melhores lojas de suplementos de todo o país, incluindo a GT Nutrition: Rua Luís Gama, 144, Santos.

31 agosto 2010

Ironman 70.3 Penha - Parte II

No último sábado participei, mais uma vez, da transmissão e locução de uma prova – o Ironman 70.3 Brasil. Se a função não foi novidade, também não o foi o show de organização dado pela Latin Sports, empresa detentora dos direitos da marca Ironman no Brasil. Não foram estranhos o sucesso de público (mais de 630 atletas competindo), os tempos baixos dos atletas (percurso plano e sem vento), a vitória da Vanessa Gianinni nem a excepcional corrida do Ezequiel Morales – embora a vitória dele fosse um pouco inesperada tendo em vista a vantagem que os dois líderes tinham após o ciclismo.

Além da vitória do Ezek, algumas outras surpresas aconteceram: quem esperava o tempo perfeito em Penha, depois de uma semana de frio e ventos fortes no litoral catarinense? Que o Igor Amorelli fizesse um ciclismo para quase 43 km/h de média, e ainda conseguisse passar o Reinaldo no final da corrida para ficar com o seu segundo vice em Penha? Que a Hedla Lopes, atleta 50-54, quase fosse campeã amadora geral? Ou ainda a excepcional performance do também amador Ciro Violin, 6º colocado geral com uma prova sub-5h?

Pra mim, surpresa mesmo aconteceu no fim do dia, quando eu ainda narrava a chegada dos atletas amadores, mas já durante a premiação dos atletas profissionais. Quando as meninas receberam seus troféus, o diretor da prova e da Latin Sports Carlos Galvão pegou o microfone e me fez uma belíssima homenagem, deixando sua torcida pelo meu retorno e para que eu estivesse ali, entre as cinco primeiras, no próximo ano. Fui chamada ao pódio, onde recebi o troféu “Amigo do Ironman” pela minha participação nas provas deste ano.

Fiquei muito emocionada com a homenagem, e gostaria de agradecer aqui não só ao Galvão, mas (em nome da Fernanda Curti) também a toda a equipe da Latin que participou de mais este belo evento. Deixo também os meus parabéns a todos os atletas que participaram da prova, e o meu incentivo àqueles que pensam em disputá-la nos próximos anos. Estarei lá com vocês novamente em 2011, lutando para ganhar mais um troféu desta prova que é uma das minhas preferidas no país.


25 agosto 2010

Ironman 70.3 Penha

Nesta sexta eu viajo para Penha/SC, onde no sábado acontecerá a 5ª edição do Ironman 70.3 Brasil, a terceira no sul do país. Mais uma vez serei comentarista da prova, ao lado dos locutores oficiais do evento, e farei a transmissão oficial bilíngue (português/inglês) via twitter, através do canal @mundotrilive.

Depois de alguns meses nestas funções, vou me despedir temporariamente. Desde o Ironman Brasil, prova na qual fiz a minha estreia no twitter e nos comentários, já fiz as transmissões ao vivo de duas etapas do Troféu Brasil e os comentários de uma delas para o programa especial transmitido pelo SporTV. Mas agora é hora de voltar para o outro lado da prova: em setembro, volto a competir no Troféu Brasil.

Aos que estarão em Penha, eu recomendo uma visita ao stand da Asics, patrocinadora do Ironman 70.3, que terá vários artigos da prova muito legais. Na sexta à tarde estarei na expo, e estou (desde já) à disposição para ajudar com dicas sobre o percurso, a prova ou equipamentos.

Recomendo também o twitter ride (pedal de reconhecimento do percurso) marcado pela equipe do MundoTRI para as 9h00 de sexta, com saída em frente ao Beto Carrero. E na sexta à tarde, para quem quiser dormir a manhã toda e soltar antes da prova, estarei nadando no percurso por volta das 16h30, inaugurando a minha roupa Aqua Sphere Icon.

A todos que estarão competindo, e em especial a todos os atletas da Equipe RM, uma ótima prova!

Nos vemos em Penha!

23 agosto 2010

Nova parceria: Clínica 449



A minha relação com a 449 começou no 2º semestre de 2008. Morando em Brasília e começando a preparação para o Ironman Arizona 2008 e o Ironman Brasil 2009, procurei a clínica especializada em nutrição esportiva, onde fui atendida pelo nutricionista e também triatleta Fernando Carvalho. Com experiência em provas de longa distância e disposição para trabalhar em conjunto com o (então) meu técnico e preparador físico, Leandro Macedo, fizemos o acompanhamento nutricional objetivando o ganho de massa muscular, que me permitiu suportar bem o desgaste dos treinos.

Pude constatar o sucesso da parceria no Ironman Brasil 2009, quando conquistei a quinta colocação geral feminina e fui a melhor brasileira na prova. Mais do que isso, cheguei a Florianópolis na minha melhor forma física e sem ter sofrido qualquer tipo de lesão durante o período de treinamento.

Depois de alguns meses fora do país, da mudança de cidade e de algum tempo longe das provas em função do acidente do final de 2009, recentemente voltei a treinar forte e, com isso, a sentir a necessidade de um acompanhamento nutricional voltado para a performance. Através do twitter, reencontrei a equipe da 449 e propus retomarmos a parceria - convite que, para minha alegria, logo foi aceito.

A parceria será fundamentada no meu acompanhamento nutricional, pelo qual o nutricionista Fernando Carvalho continuará a ser responsável. Serão estabelecidas uma rotina alimentar de acordo com meus treinos e estratégias nutricionais para minhas provas, além da prescrição de suplementos.

O trabalho a ser desenvolvido comigo será mais uma oportunidade de aplicar o Método 449 de acompanhamento nutricional de atletas de alto rendimento. Desde 2001 a Clínica 449 acompanha atletas das mais diversas modalidades (ciclismo, corrida de aventura, corrida de rua, maratonas aquáticas, mountain bike, natação, triathlon e ultramaratona), experiência que é fundamental para a evolução do trabalho com os demais pacientes da clínica e, claro, do meu desempenho.

Acompanhe as notícias desta parceria aqui no blog, no site da 449 e nas redes sociais das quais participamos (twitter: @analidiaborba e @clinica449).

11 agosto 2010

Tirando as rodinhas...

Ganhei a minha primeira bicicleta quando eu tinha uns cinco ou seis anos. Meu irmão, mais novo que eu um ano, tinha uma pequenininha desde os dois, e nós brincávamos juntos com ela. Mas aí eu fiquei maiorzinha e ganhei uma Caloi Ceci: cor de rosa, com cestinha branca e paralamas. Algum tempo depois, meu irmão também teve que trocar de bike: ganhou uma Caloi Cross, vermelha com os acessórios em amarelo fluorescente. Nossa! Que bicicleta...
 
Andamos muito no térreo no prédio onde morávamos, depois na quadra do outro para onde fomos. Meu pai, de algum jeito, arrumou tempo pra acompanhar todo o processo: levanta uma das rodinhas, depois levanta a outra; tira uma das rodinhas, depois tira a outra. Aliás, ele acompanhou o processo e todos os inevitáveis tombos que vieram junto com ele, cujos resultados minha mãe tratava com uma mistura concentrada de água, gelo e sal. Dóia mais do que machucar (sem exagero!), mas funcionava. No outro dia, já estávamos zerados e prontos pra outra.

Depois de alguns anos, andar na quadra do prédio não era mais suficiente. Começamos a perturbar meu pai para sair, fazer trilhas com as bicicletas. Não me lembro como ele conseguiu fazer isso, pois a única bicicleta que eu me lembro de ter visto com ele foi uma Peugeot preta de estrada, seis velocidades, com o câmbio no quadro. Uma máquina, para os meus parâmetros da época, mas impossível de guiar na terra. Imagino que ele tenha arrumado uma mountain bike, ou coisa parecida, porque ele nos levou para fazer várias trilhas – ou, pelo menos, era assim que eu chamava os caminhos de terra batida em torno do estádio Serra Dourada, em Goiânia, ou as estradas das fazendas dos meus avôs.

E eu fazia isso todo fim de semana, empolgadíssima, na minha Caloi Ceci. Que, obviamente, logo deixou de ter cestinha, paralamas, banco branco... E começou a fazer mais barulho que o Fusquinha 69 que hoje meu pai tem pra matar (ou aumentar) a saudade de quando ele tinha a idade que hoje eu aqui relembro.
 
Quando eu fiz dez anos, pedi dinheiro para todos da família que me perguntaram o que eu queria ganhar de aniversário. Juntei aqui, ali, mais uma ou outra mesada que tinha sobrado... Gastei toda a minha lábia pra convencer meus pais a me ajudarem a comprar uma bicicleta. Minha mãe pagou um terço, meu pai um terço, e eu paguei meu terço até com moedas, se brincar, mas consegui: comprei uma Giant Yukon, ma-ra-vi-lho-sa, preta com detalhes em azul metálico. (Hoje, entendendo de bicicletas, sei que provavelmente ela era mesmo giant (gigante) pra mim, pois era um quadro S pra uma pessoinha de 1.40m... Bom, ainda bem que o banco era regulável com blocagem!)

Trilhas, mesmo, quase não fiz com a tal Yukon. Mas adorava andar a cidade toda nos finais de semana! Quando comecei o segundo grau (hoje ensino médio, certo?), ia para a escola todos os sábados de bicicleta, pois assim eu fazia as provas no tempo mínimo permitido e voava para o treino de natação (treino de transição, invertido..?). E, depois da natação, demorava até o último minuto de sol pra voltar pra casa...

A Yukon foi roubada, e muitos anos depois veio a Specialized, cuja história eu resumi no post da corrida. Quando terminei a faculdade, ao invés de trocar de carro, escolhi trocar de bicicleta – e assim ganhei, no começo de 2006, a Cervélo Sóloist Carbon que até hoje é a minha bicicleta de estrada. Um ano e meio depois, já com seis meios ironman completados e dois pódios em campeonatos mundiais de 70.3, achei que merecia uma bike de contra-relógio – então, usei todo o dinheiro da demissão (acordada, claro) da construtora e mais algumas economias para comprar a minha Pinarello Montello FP8, que ainda uso.

Mas bicicletas não são feitas para andar em quadras, ou em rolos...
Eu também não.
 
Por mais feliz que eu tenha me sentido no dia 6 de abril, quando subi pela primeira vez pós-tombo na minha Cervélo, para fazer um bike fit com o Rogerinho... Por mais gratificante e quimicamente estimulante (estou falando de endorfinas!) que seja um pedal de três horas e meia no rolo, cheio de tiros que fazem doer até músculos que nós nem sabemos que temos... Por mais socialmente convidativa que seja a aula de triathlon da Rosana Merino na Cia Athlética todas as terças e quintas pela manhã... Nada se compara à sensação de liberdade e plenitude que um pedal na estrada proporciona! (Ok, talvez uma corrida em trilha... Mas isso fica para um próximo post.)
 
Hoje, eu senti isso. Voltei a pedalar na estrada de Mogi com as meninas do RM Elite Team: Vanessa Gianinni, Talita Saab, Thaty Porto e Carol Furriela. A Coach RM acompanhou o trajeto de moto, e deu bronca quando eu me empolguei em uma ou outra subida, quebrando o ritmo do giro (as meninas tinham que soltar, depois de uma série massacrante de pista).
 
Cheguei ao final do pedal inteira, mas guardei a energia para os próximos treinos. Tomei cuidado com os obstáculos, com os carros, com as entradas e saídas da rodovia... Mas medo, não tive, nem nenhuma outra dificuldade. E ainda terminei o giro com essas lembranças maravilhosas da minha infância, da adolescência, e até dos treinos de pedal pelas montanhas de Boulder...

Resumindo em uma frase, tirada de uma famosa propaganda:
AMO MUITO TUDO ISSO!

04 agosto 2010

A primeira corrida...

A gente nunca esquece!

A minha foi no dia 1º de setembro de 2004. Eu tinha parado de nadar no final de 2003 e, desde então, só fazia musculação, spinning e caía na água quatro ou cinco vezes por mês pra manter a forma. Isso quando encontrava tempo entre as aulas do 4º ano de Engenharia Civil, o estágio/trabalho em período mais do que integral à frente da obra de uma concessionária de carros, em Goiânia, e os milhões de projetos elaborados em todas as matérias de um quase final de curso de Engenharia.

Um professor da academia onde eu treinava, Guilherme Prudente (então técnico do Santiago Ascenço, que eu conhecia porque ele nadava com a minha equipe de natação, quando eu ainda treinava), estava há meses me perturbando pra eu ir correr com a assessoria dele. Ou pra comprar uma bicicleta e começar a pedalar. Ou fazer as duas coisas, e virar triatleta.

E eu sempre enrolando, por um motivo muito simples: NADADOR NÃO SABE CORRER. Não era por causa do trabalho, nem porque eu sabia que pra treinar teria que acordar de madrugada, nem por nenhuma outra desculpa que eu poderia dar plausivelmente. Eu não sabia correr. E não tinha o menor interesse em aprender. Ponto.

Desde os meus 13 anos, quando eu passei para a categoria infantil da natação federada, todo começo de ano era a mesma coisa: o Omar (nosso técnico cubano) colocava todo mundo pra correr em volta da quadra (ou do quarteirão da academia) pra perdermos os quilos extras acumulados nas festas de fim de ano. E metade da turma fazia sempre a mesma coisa: corria na frente do Omar, andava no fundo da quadra. Eu inclusa.

Juro que não era por mal. Eu nunca gostei de matar treino. Aliás, treinava mais do que todos os outros atletas da equipe, da minha idade. Dobrava duas ou três vezes por semana, sozinha, na hora do almoço. Mas eu não agüentava correr tanto! Como assim, CINCO VOLTAS na quadra??? Isso deve dar uns 2km!!!

Quem diria... O trauma durou até os 20 anos. E eu não fazia triathlon porque não sabia correr, e achava que não iria aprender nunca. Mas um belo dia eu tive um piripaque na obra, e o diagnóstico foi... stress! Como assim? Antes dos 20 anos?? Já???

Decidi (sim, decidi, porque ninguém me falou isso) que o meu problema era falto de esporte competitivo. Só academia, pra mim, não adiantava. E resolvi aproveitar o recém-criado grupo de corrida da MB Engenharia e a proximidade de uma prova (a Mini-Maratona de Goiânia, realizada sempre no dia 24 de outubro) pra começar a correr.

Dia 1º de setembro eu acordei às 5h45, calcei meu tênis e fui (de carro) pro Parque Vaca Brava (cujo ponto de encontro ficava a quase 700m da minha casa) encontrar o restante da equipe, que já treinava ali três vezes por semana há mais de mês. Corri cinco voltas: 5.5km de sobe e desce ininterrupto, fingindo que eu não estava quase me matando para acompanhar a Karol (então secretária da empresa). Fechei o treino em 41’07” (incríveis 7’28”/km).

No outro dia eu quase não andava, mas dois dias depois eu fiz a mesma coisa. E depois mais sete vezes, até que a minha 10ª corrida foi a Mini Maratona de Goiânia, enooooormes 10.6km em 1:03’ (isso mesmo, 6’00”/km; um grande avanço pra nove treinos, ta?). Uma semana depois da prova eu comprei minha primeira bicicleta speed, a Specialized S-Works que hoje a Flavinha Fernandes guia devidamente. Dia 21 de novembro eu fiz a minha primeira prova de triathlon, e sobrevivi (era aniversário da minha mãe; eu tinha que sobreviver). Uma coisa levou à outra, que levou à outra, e os mais recentes capítulos desta história todo mundo (pelo menos todo mundo que lê este blog) sabe.

Então, ontem, dia 03 de agosto de 2010, eu fiz a minha primeira corrida. De novo. Na esteira, 4x 2’30”, intercalados com 2’30” de caminhada. Passo: 7’00”/km. E não senti nada de dor. Nadinha, nenhum incomodozinho. E a passada curtinha continua ali, quase 100ppm, mesmo no trote. E a postura continua a mesma, a mesma pisada com a ponta dos pés – o direito supinado, o esquerdo neutro, mas com valgo no joelho. Tudo igualzinho.

Tudo menos a vontade, que cresce a cada dia.

O ritmo, logo eu pego.

O volume, tenho certeza de que a Coach Rosana Merino vai me passar daqui a algumas semanas.

O prazer de correr...

Esse, eu descobri em 2004, redescobri ontem, e não quero deixar de lado nunca mais.


01 agosto 2010

Por quê..?

Nestes últimos meses eu ouvi muitas variações da mesma pergunta: por que você quer voltar? Por que ser atleta profissional, num país que não valoriza outros esportes além do futebol? Por que treinar tanto e perder finais de semana, férias, um emprego potencialmente rentável... pra ser triatleta???

Sinceramente, eu não tenho idéia do que respondi a cada pessoa que me perguntou uma coisa dessas, simplesmente porque quem pergunta algo assim ainda não sabe ou não entendeu o que é ser atleta, e não vai se contentar com uma resposta simples - e, neste caso, eu provavelmente “dei uma floreada” na minha resposta. Mas acho que estou voltando pelo mesmo motivo que comecei: porque eu ainda não sei quais são os meus limites. Ou se existem limites...

Uma frase muito legal de um inglês chamado Thomas Atkinson diz que “o mais importante para o homem é crer em si mesmo; sem esta confiança em seus recursos, sua inteligência, sua energia, ninguém alcança o triunfo a que aspira.” Concordo 100%. Mas também é muito legal quando outras pessoas acreditam na gente. Quando conseguimos passar, através das nossas atitudes e ações, mensagens nas quais outras pessoas acreditam e apóiam. E este é o outro lado do esporte profissional que me instiga: através do meu esforço, resignação, determinação e habilidade de olhar através dos obstáculos e limites imaginários em prol de um objetivo, eu consigo inspirar outras pessoas a se dedicarem igualmente a qualquer propósito que elas achem válido. Eu busco ser o melhor que eu posso e ainda motivo outras pessoas a fazer o mesmo. Não é o melhor trabalho do mundo?

Bom, eu acho que pode ficar ainda melhor. Muito melhor!

Que tal ajudar pessoas que precisam?

Em breve, novidades...

15 julho 2010

Novas parcerias

Três meses após o retorno aos treinos de ciclismo e natação e a poucas semanas do retorno previsto às corridas, duas excelentes notícias me deixaram ainda mais “pilhada” para a volta às competições: acabo de fechar novas parcerias com as marcas internacionais ASICS e AQUA SPHERE.

No último dia 5/7, visitei o pessoal da ASICS na pré-venda da marca. A exposição de toda a linha de tênis, vestuário e acessórios da marca parecia um parque de diversões para nós, atletas, e eu pude ver (em primeira mão) o material com o qual vou trabalhar na próxima temporada: o Noosa Tri 6, o Gel DS Trainer 16, o Saroma Racer e o tênis de provas curtas Speedstar, além de alguns outros modelos de trilhas e treinos indoor. Experimentei algumas peças para escolher os tamanhos e assinamos nosso contrato, pelo qual a ASICS passa a ser a minha marca oficial e exclusiva de material esportivo.

Fiquei muito feliz com a nova parceria: uso os tênis da ASICS desde 2007, e corri o Mundial de Longa Distância da Holanda e os meus dois Ironman com o modelo DS Trainer (Holanda e Arizona com o DS 13 e Brasil com o DS 14), além de várias provas de meio-ironman e duplo-olímpico com o Noosa Tri 25th Aniversary. Agora, além de usar os tênis e roupas da marca, vou ajudá-los no desenvolvimento dos novos modelos de vestuário para triathlon e ciclismo. Aguardem as novidades!


Já ontem tive o prazer de conversar e fechar a parceria com a AQUA SPHERE, empresa oriunda da Aqua Lung (inventora dos cilindros de compressão para scuba diving há mais de 60 anos) que fabrica wetsuits, óculos, toucas e acessórios para treinos de natação, como elásticos, nadadeiras e pranchas. Também estiveram na reunião com a AQUA SPHERE os atletas do RM Elite Team Carolina Furriela, Ivan Albano e Sílvia Fusco, que também passam a ser apoiados pela marca.

Pelo acordo, passarei a vestir a super roupa de borracha Aqua Sphere Icon, consagrada pelo campeão mundial de Ironman em 2005 Faris Al-Sultan, e a usar os óculos Kayenne Lady e Kaiman Lady. Além destes materiais e dos acessórios para treinos, já recebi e testei as resistance cords, que possuem manopla acolchoada para os exercícios de fortalecimento de membros superiores – sessão de todos os dias aqui na Equipe RM!

Agradeço à ASICS e à AQUA SPHERE a confiança no meu trabalho e, principalmente, a aposta que estão fazendo neste meu retorno às competições. Sei que estarei utilizando os melhores produtos disponíveis no mundo, e trabalharei muito pra representá-los da melhor maneira possível.

Agradeço também à FLETS, empresa que me apoiou na temporada 2009 e que ficou ao meu lado mesmo depois do meu acidente. Vocês fizeram parte das minhas maiores conquistas no esporte e, mais do que isso, mostraram que são verdadeiros parceiros. Muito sucesso a todos vocês!

Novas regras de qualificação para o Ironman Havaí dividem os triatletas profissionais

No último dia 25 de junho a WTC (World Triathlon Corporation), empresa que detém os direitos da marca Ironman em todo o mundo, enviou por e-mail a todos os atletas profissionais a ela filiados uma proposta de alteração nas regras de qualificação para o Campeonato Mundial de Ironman, em Kona. No documento que foi circulado, a organização deixou claro que a proposta de regras não era definitiva, e que seriam levados em consideração todos os comentários construtivos enviados pelos atletas até o dia 2 de julho, antes da definição e divulgação das novas regras, prevista para 9 de julho.

Segundo a WTC, os principais objetivos das novas regras, válidas a partir do dia 1º de setembro de 2010 para qualificação para o Campeonato Mundial de Ironman 2011, são:

• Premiar os melhores atletas do triathlon por suas performances;
• Criar oportunidades para novos profissionais e profissionais regionais;
• Qualificar os atletas mais merecedores para o Campeonato Mundial;
• Controlar o número de atletas classificados para o Campeonato Mundial para assegurar uma competição justa e emocionante; e
• Criar interesse adicional da mídia nas competições profissionais através da criação de um ranking e de disputas “cabeça-a-cabeça” mais freqüentes.

A versão final das novas regras foi publicada nesta segunda-feira, 12 de julho. Após a análise das muitas considerações recebidas, várias alterações foram feitas, porém foi mantida a principal proposta inicialmente divulgada: a criação de um ranking dos atletas profissionais, para o qual serão válidas as cinco melhores pontuações do atleta em provas de Ironman e Ironman 70.3, e que definirá os classificados para o Campeonato Mundial.
Neste artigo, publicado no site MundoTRI, apresento uma tradução livre e comentada das novas regras, que parecem ainda não terem sido compreendidas por grande parte dos atletas profissionais brasileiros. É importante ressaltar, no entanto, que os comentários têm caráter subjetivo e refletem a minha opinião, unicamente, como triatleta profissional e entusiasta do esporte.

QUALIFICAÇÃO PARA O CAMPEONATO MUNDIAL
Programa de Qualificação Profissional – Ford Ironman World Championship
Definições
“Qualificação para Kona” significa qualificação para o Ford Ironman World Championship realizado em Kona, Havaí, todos os anos.
“Kona” significa o Ford Ironman World Championship realizado em Kona, Havaí, todos os anos.
“Provas” significam os eventos em todo o mundo com a marca Ironman, de distância completa ou 70.3, que são autorizados pela World Triathlon Corporation.
“Ano de Qualificação” significa o período entre 1º de setembro e 31 de agosto.
“Kona Pro Rankings” (KPR) significa o sistema de ranqueamento que determinará a elegibilidade de atletas profissionais para correr em Kona.
Todas as datas e horários listados referem-se às datas e horários da Costa Leste dos EUA.

A partir de 1º de setembro de 2010, o sistema de vagas baseado em uma performance única para atletas profissionais será descontinuado. Começando com as Provas após 31 de agosto de 2010, os atletas profissionais ganharão pontos para a Qualificação para Kona de acordo com sua posição de chegada. Os melhores 50 homens e 30 mulheres profissionais* no KPR ao final de cada Ano de Qualificação serão classificados para correr em Kona.
*A proporção de homens e mulheres profissionais pode ser ajustada em anos futuros para refletir o percentual corrente de homens e mulheres membros profissionais da WTC que estão competindo em eventos de Ironman E Ironman 70.3.

Com esta nota, a WTC procurou esclarecer um ponto muito discutido da nova regra, que é a diferença no número de atletas de cada sexo competindo em Kona. No entanto, embora o número reflita a proporção de atletas atualmente filiados à WTC, acredito que logo essa diferença se mostre problemática.

O triathlon, ainda e felizmente, é um dos esportes que têm premiação igual para mulheres e homens. Mas a diminuição compulsória da participação de mulheres no evento máximo da modalidade é o primeiro passo para que os organizadores venham a diminuir a premiação feminina em relação à masculina com o argumento simplista: “a concorrência no feminino é menor” – que absolutamente desconsidera a qualidade da concorrência.

disso, acho que 30 (ou mesmo 50) vagas é uma quantidade muito pequena de atletas em um Campeonato Mundial: em 2009, apenas 75% das mulheres e 78% dos homens que largaram em Kona completaram a prova. Mantendo-se este “aproveitamento”, teríamos 22 mulheres e 39 homens profissionais na linha de chegada do Mundial, o que equivale a dizer (hipoteticamente, claro) que, em 2009, nomes como Heather Gollnick, Erika Csomor, Lisbeth Kristensen, Fernanda Keller, Luc Van Lierde, Stephen Bayliss, Petr Vabrousek e Ain Alar Juhanson nem deveriam estar na prova! Acho que um número tão limitado de atletas minimiza a chance de surpresas – e, convenhamos, nem nas provas da ITU e Jogos Olímpicos o número de atletas classificados é tão restrito.


O KPR será determinado como se segue:

a. Atletas serão ranqueados de acordo com o número de pontos que eles acumularem durante o Ano de Qualificação (veja Tabela de Pontos abaixo).
b. As cinco Provas de maior pontuação de cada atleta contarão para o seu KPR. Todas as Provas com pontuações menores serão “descartadas”.
c. Atletas podem acumular pontos a partir de qualquer combinação de Provas DESDE QUE cada atleta complete uma prova de Ironman (completo) durante o Ano de Qualificação. No máximo três provas de Ironman 70.3 podem ser incluídas na pontuação de um atleta.
d. Os atletas não precisam fazer mais de um Ironman completo no Ano de Qualificação para ser ranqueados. Atletas podem pontuar com cinco provas de Ironman (completos).
e. Atletas que completarem Kona receberão pontos que serão mantidos durante o Ano de Qualificação e que podem ser incluídos com uma das provas de maior pontuação do atleta.
f. Marcar pontos em Kona NÃO preenche o requerimento de que cada atleta ranqueado deve marcar pontos em um Ironman completo no Ano de Qualificação.
g. Pontos em nenhuma outra prova valem de um Ano de Qualificação para o próximo.
h. A regra de 5% não mais será aplicada.
i. O KPR será postado no site Ironman.com e atualizado semanalmente, à medida que os resultados das Provas sejam finalizados.

Esta regra, que representa a mudança mais significativa para os atletas profissionais, tem uma série de objetivos não explícitos, mas muito claros:

1. Efetivar a característica de “circuito mundial” de Ironman e Ironman 70.3, com várias provas gerando pontos para um Evento Mundial, nos moldes do que é feito atualmente pela ITU;

2. Fazer com que os atletas compitam em mais eventos da WTC em detrimento de outros organizadores, gerando mais retorno de mídia para a organização das provas;

3. Evitar que os principais atletas “se escondam” o ano todo e apareçam apenas em Kona, ou mesmo que compitam em Kona sem nunca antes terem feito um Ironman – casos muito comuns e facilmente exemplificados por Craig Alexander e Mirinda Carfrae (ambos conquistaram pódio no Havaí em seu primeiro Ironman), Julie Dibens (fará sua estréia na distância no Havaí), Chris Lieto e Linsey Corbin (que só costumam fazer um Ironman por ano, em Kona) e vários outros;

4. Possibilitar a classificação para o Campeonato Mundial de atletas consistentes, frequentemente Top 10 nas Provas, mas que não costumam ficar entre os três primeiros;

5. Eliminar a regra dos 5%, que produziu disparates como a não classificação de Oscar Gallindez para o Mundial, em uma prova em que, não fosse a quebra de recorde por Luke Mackenzie, facilmente teria assegurado sua vaga.

No entanto, vejo dois ENORMES problemas na nova regra:

1. Atletas de regiões que têm poucas provas (como é o caso da América do Sul, que tem apenas o Ironman Brasil, o Ironman 70.3 Brasil e o Ironman 70.3 Pucón) tendem a ser excluídos do Campeonato Mundial, levando-se em consideração os custos envolvidos em viagens ao redor do mundo para competir.

Vale lembrar que, ao contrário da ITU, em que as provas envolvem as Federações Nacionais (que costumam financiar as viagens de seus atletas), a WTC organiza eventos PROMOCIONAIS, em que os atletas competem INDIVIDUALMENTE, tendo que arcar com todos os custos de viagens.

2. A WTC parece ter desconsiderado que o desgaste físico provocado por uma prova de Ironman (ou mesmo de Ironman 70.3) é substancialmente diferente daquele provocado por competições de distância olímpica. Esperar que os atletas façam no mínimo um (mas preferencialmente dois ou mais) Ironman e três Ironman 70.3 por ano e ainda tenham condições de treinar adequadamente e performar em Kona é irreal a longo prazo – a fórmula pode funcionar por um ano ou dois, mas quantos anos vamos durar como atletas profissionais se não dermos aos nossos corpos o tempo de recuperação adequado?

Qualificados de Julho
Os 40 homens e 25 mulheres profissionais com as maiores pontuações no KPR em 31 de julho serão classificados para competir em Kona. Estes atletas (“Qualificados de Julho”) têm sua vaga em Kona assegurada, desde que eles se registrem no evento de acordo com os procedimentos de inscrição.

Não mais do que 40 homens e 25 mulheres poderão ser Qualificados de Julho. Empates resultando em mais de 40 homens ou 25 mulheres serão quebrados pelos Critérios de Desempate, abaixo.

Exemplo – Em 31 de julho, seis homens estão empatados na 36ª posição do KPR. As cinco vagas remanescentes de Qualificados de Julho serão definidas pelos Critérios de Desempate.

Qualificados de Agosto
Os 10 homens e 5 mulheres profissionais com maior pontuação no KPR em 31 de agosto, não incluídos os Qualificados de Julho, serão classificados para competir em Kona. Não mais do que 10 homens e 5 mulheres poderão ser Qualificados de Agosto. Empates resultando em mais de 10 homens ou 5 mulheres serão quebrados pelos Critérios de Desempate, abaixo.

Exemplo: O Atleta A tem 2000 pontos em 31 de julho e está ranqueado em 40º lugar no KPR. O Atleta A está classificado para Kona. No KPR final (publicado após 31 de agosto), 11 atletas masculinos acumularam mais de 2000 pontos e estão ranqueados à frente do Atleta A. Dez destes 11 atletas, de acordo com os Critérios de Desempate, serão classificados para Kona.

A criação de uma classificação parcial (em julho) é uma modificação à proposta originalmente apresentada em resposta aos freqüentes comentários de que 31 de agosto seria tarde demais para os atletas saberem se estavam classificados para o Mundial, embora no sistema atual cerca de 20 vagas sejam distribuídas apenas no mês de agosto. Foi sugerido pelos atletas, também, que sejam classificados automaticamente aqueles que atingirem um “limiar” de pontos em qualquer época da temporada, o que será analisado em para o Ano de Qualificação 2012 de acordo com a experiência do primeiro ano de vigência da nova regra.

Qualificados Automaticamente

Campeões de Kona no passado receberão um convite pra entrar na categoria Profissional em Kona por um período de cinco anos após seu último título. Campeões do passado não precisarão se classificar durante este período de cinco anos. Campeões do passado entrando como Profissionais deverão validar sua inscrição completando uma prova de Ironman durante o Ano de Qualificação.

Mantendo a tradição iniciada por Valerie Silk, campeões do passado continuarão a ter um convite vitalício para competir em sua categoria de idade (age group). Campeões do passado que optarem por competir como amadores não precisarão validar sua inscrição. Esses campeões deverão obedecer a todas as regras da WTC, das federações nacionais e internacionais que dizem respeito aos status de profissional e amador e à mudança de categoria (mínimo de um ano sem competir como profissional para que um atleta possa competir como amador novamente).

Os Qualificados Automaticamente serão aceitos em Kona ALÉM das 80 vagas profissionais. Se, por exemplo, uma campeã dos últimos cinco anos estiver ranqueada entre as 30 primeiras mulheres, a 31ª ranqueada estará classificada para Kona.


Critérios de Desempate

Os empates serão quebrados como se segue:

1º Critério de Desempate – O total de Ironmans entre as cinco melhores pontuações do atleta
2º Critério de Desempate – A prova de maior pontuação do atleta
3º Critério de Desempate – A prova de segunda maior pontuação do atleta
4º Critério de Desempate – A prova de terceira maior pontuação do atleta
Caso dois ou mais atletas permaneçam empatados após o 4º Critério de Desempate, todos os atletas empatados serão qualificados.

Inscrição e Rolagem de Vagas

O KPR final será publicado assim que possível após a última Prova do Ano de Qualificação (fim de agosto), mas no mais tardar em 3 de setembro. Os atletas qualificados terão até o dia 7 de setembro para completar a inscrição online para Kona. Uma rolagem de vagas será feita para quaisquer vagas não preenchidas, com as mesmas rolando para o próximo atleta com maior pontuação no ranking. Detalhes do procedimento de rolagem de vagas serão disponibilizados posteriormente.

Inscrições com Wild Card (convite)

A WTC se reserva o direito de ceder inscrições profissionais por “Wild Card” (convite) para Kona. Embora esses convites possam ser distribuídos a critério exclusivo da WTC, essas entradas, se usadas, têm a intenção de “corrigir” quaisquer buracos no novo sistema de qualificação. Os convites não pretendem prover alívio para os atletas em função de lesões, doenças ou quaisquer outros fatores externos.

Este foi o item da nova regra que gerou mais controvérsia entre os atletas profissionais, por “abrir uma brecha” para que os organizadores coloquem quem quiserem no Campeonato Mundial. No entanto, a WTC argumentou que os convites são apenas um artifício de segurança para o caso de uma falha sistêmica, e que eles não serão usados para recuperar ou adicionar nem atleta específico (incluindo Craig Alexander, Chrissie Wellington e Lance Armostrong, segundo a própria WTC) se eles falharem em se classificar. Aparentemente, muitos atletas se mostraram preocupados com a possibilidade de criação de um artifício para permitir a atletas como Lance Armstrong a participação em Kona (como profissional) sem a necessidade de classificação.

Classificação para o Campeonato Mundial de 70.3

A classificação dos profissionais para o Campeonato Mundial de 70.3 2011 será baseada em um formato semelhante a este, com a principal diferença sendo que provas de Ironman não contarão pontos para o ranking deste Campeonato. Detalhes serão anunciados assim que a data do Campeonato Mundial de Ironman 70.3 2011 for anunciada.

POLÍTICAS DE PREMIAÇÃO EM DINHEIRO
Todas as provas de Ironman seguirão estes padrões de premiação em dinheiro. Isso não inclui os Campeonatos Mundiais, que têm padrões de premiação separados.

Campeonatos
Ironman $100.000+ (premiação até o 10º lugar)
70.3       $75.000+  (premiação até o 10º lugar)

Incluem o Campeonato Asia Pacific de 70.3, o Campeonato Americano de 70.3 e Campeonato Europeu de 70.3. Os campeonatos regionais de Ironman serão anunciados.

Eventos Ironman Series
As provas da série Ironman oferecerão bolsas de premiação de um dos valores a seguir:
$75.000 (premiação até o 8º lugar)
$25.000 (premiação até o 6º lugar)

Eventos 70.3 Series
As provas da série Ironman 70.3 oferecerão bolsas de premiação totais de um dos dois valores a seguir:
$50.000 (premiação até o 8º lugar)
$15.000 (premiação até o 5º lugar)

• Os eventos de 2010 pagarão no mínimo as premiações anunciadas.
• A regra dos 8% não mais será aplicável.


MUDANÇAS NAS POLÍTICAS DE ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
A associação dos profissionais à WTC incluirá a inscrição para os atletas classificados para Kona.

Associação Profissional para Uma Prova

A possibilidade de Associação Profissional para uma única prova será oferecida pelos seguintes valores:
• US$200 para provas de 70.3
• US$400 para provas de Ironman

As licenças para provas únicas podem sofrer “upgrade” para uma associação anual, com as taxas pagas para a prova sendo descontadas da taxa anual de US$750.

Qualquer atleta que quiser se candidatar a uma associação para apenas uma prova ou para uma associação anual pela primeira vez deve fazê-lo no mínimo 60 dias antes do evento no qual está planejando competir. Não haverá exceções a este período de 60 dias.

Comentário da WTC: Determinar a classificação para Kona por um sistema de pontos e pelo programa de associação profissional requer que todos os profissionais participantes sejam incluídos no grupo de controle de doping em caráter anual. Os atletas não poderão mais se classificar com uma única performance, desaparecer, e surgir do nada antes de Kona. O requerimento da associação por 60 dias elimina um buraco no grupo de controle de doping que, de outra forma, permitiria que atletas de provas únicas e estreantes na associação profissional esperassem até a última data possível antes de sua primeira prova de Ironman para tirar a sua licença profissional evitando, assim, a inclusão no grupo de controle de doping durante a preparação para a prova. Uma vez incluído no grupo de controle de doping, um atleta pode ser testado a qualquer momento, mesmo após sua prova única como associado.


Programa de Bolsas

Atletas de países em desenvolvimento que não possam pagar a taxa de associação podem se candidatar a uma bolsa de associação profissional, que irá cobrir ou diminuir as taxas de associação, junto ao diretor da prova de Ironman local. Os diretores de provas de Ironman locais irão considerar os pedidos de atletas de sua região e recomendar os atletas merecedores.


TABELA DE PONTOS DE QUALIFICAÇÃO PARA O IRONMAN DE KONA

Seguindo a premissa válida atualmente de classificação automática para o Mundial de Ironman dos campeões do Mundial de 70.3, foram atribuídos pesos maiores para as provas do Mundial de 70.3 e para os Campeonatos regionais de 70.3.

A pontuação para provas de Ironman também é substancialmente maior do que a de provas de 70.3, o que significa que um atleta pode até se classificar fazendo apenas um Ironman, porém atletas que fazem múltiplas provas de Ironman terão maiores chances. Aqui, volto a questionar: atletas como Petr Vabrousek e Hillary Biscay têm o hábito de fazer muitos Ironmans em um ano, mas quantas vezes eles andaram tão bem no Havaí quanto nas provas classificatórias? E quantos outros terão suas carreiras encurtadas pelas novas exigências da WTC?

A boa notícia para os atletas brasileiros é que as provas do Brasil terão aumento na premiação e oferecerão mais pontos do que provas menores ou em lugares mais remotos, como o Ironman Malásia, o Ironman Louisville e o Ironman 70.3 Pucón. No entanto, nós não temos as provas de nível de Campeonato na América do Sul, o que diminui consideravelmente nossas chances de obter pontuações altas sem viajar para provas distantes.

Além disso, as boas pontuações e premiações distribuídas no Brasil deverão atrair ainda mais atletas estrangeiros para as provas locais, enquanto as provas asiáticas perderão atratividade por não mais serem opções de classificação mais fácil para os Campeonatos Mundiais.

Embora partes das novas regras da WTC sejam positivas e possivelmente melhorem o retorno de mídia dos eventos (o que também é muito positivo para nós, atletas), é possível – e bastante provável – que as novas medidas provoquem uma corrida desenfreada dos atletas por provas, em busca de pontos. Acredito que neste primeiro ano veremos muitas pontuações relativamente altas de atletas de pouca expressividade no cenário internacional, o que causará um “buraco” nos resultados do Campeonato Mundial entre os tempos dos primeiros colocados, que se classificarão com duas ou três vitórias nas provas de qualificação, e os últimos profissionais, que obterão a vaga sendo Top 15 em três ou quatro provas de Ironman.

Mais do que isso, porém, me preocupa a exigência de fazer tantas provas tão desgastantes todos os anos. É possível, sim, fazer dois Ironmans e três ou quatro 70.3 em um ano (além, claro, de provas regionais, que passarão a ter importância diminuída no calendário dos profissionais do triathlon de longa distância), se o atleta tiver condições financeiras de bancar tantas viagens. Mas fazer isso ano após ano, não. A tendência é que nossas carreiras como atletas profissionais sejam encurtadas e, com o risco iminente de lesões, a consistência dos resultados seja altamente prejudicada.

Para finalizar, e apenas para ilustrar o cálculo de pontos segundo a nova regra, deixo a vocês o cálculo dos pontos da minha temporada 2009, que possivelmente teria culminado com uma classificação para o Ironman de Kona em uma das últimas vagas. Volto a afirmar, no entanto, que acho possível fazer isso por um ano, talvez dois. Mais do que isso, só para seres sobrenaturais como nossos conhecidos Petr Vabrousek e Hillary Biscay.

Pontuação Ana Lidia Borba 2008/2009
• Ironman 70.3 Brasil 2008 3º lugar 585 pontos
• Ironman Arizona 2008 7º lugar 1040 pontos
• Ironman 70.3 Pucón 2009 4º lugar 350 pontos
• Ironman Brasil 2009 5º lugar 1200 pontos
• Steelhead Ironman 70.3 2009 14º lugar 120 pontos
• Ironman 70.3 Boulder 2009 DNF 0 pontos
o Total: 3295 pontos